VOZES NORDESTINAS


REVERÊNCIA AO GRANDE CANTADOR DAS ANGÚSTIAS E ALEGRIAS DO NORDESTINO, Ir.´. LUIZ GONZAGA, COMO ASSIM O CHAMOU O PAPA JOÃO PAULO II.

Canto:-  Canta Luiz, canta Luiz, tua sanfona e o teu cantar me faz feliz. (repete) (D)

Voz:- Sol;   mãos calejadas;   suor pingando;   criança descalça; mulher despenteada;  panela vazia;  olhar distante.

Canto: - Quando o sol tostou as folhas, e bebeu o riachão, fui inté o juazeiro, pra fazer minha oração...fui inté o Juazeiro pra fazer minha oração... (lento) (Dm)

Canto:- Meu Deus, meu Deus,/ Setembro passou,/ Outubro e Novembro,/ Já tamo em Dezembro / Meu Deus, que é de nós,/ Meu Deus, meu Deus/ Assim fala o pobre/ Do seco Nordeste/ Com medo da peste/ Da fome feroz/ Ai, ai, ai, ai (repete lento). (C)

Voz:- Cachorro latindo;   boi mugindo;   sede;  fome;  esperança morrendo.

Canto  -  ..Numa tarde bem tristonha,/Gado muge sem parar, /Lamentando seu vaqueiro que não vem mais aboiar, /Não vem mais aboiar, /Tão dolente a cantar,/ Tengo, lengo, tengo, lengo, tengo, lengo, tengooooo...(repetir lento) (Cm)


Voz:- Palavras bonitas;  falsas promessas;  migalhas distribuídas; 
favores escusos;   GRITARIA:  Redenção!  Redenção!

Canto:-  ...Seu doutô o nordestino, têm muita gratidão, pelo auxílio do sulista, nesta seca do sertão. Mas doutor uma esmola, a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão...(repete lento) (D)

Voz:- Depois, cabisbaixo, traído na boa fé, desprezado, marginalizado, incompreendido. Volta tudo como era antes: fome, sede, doença, esperança morrendo.

Canto: /Estou no cansaço da vida, estou no descanso da fé, estou em guerra com a fome, na mesa filho e mulher. Ser sertanejo senhor, é fazer do fraco forte, carregar azar ou sorte, comparar vida com morte, é nascer nesse sertão. (G)

Voz:- Gonzaga, tiveste que abandonar tua terra querida, amada e às vezes esquecida, porém, nem a distância nem o brilho das luzes das grandes cidades foram suficientes para te afastar do teu torrão natal, o sertão nordestino.

Canto:- Lá no meu pé de serra, deixei ficar meu coração, ai que saudades tenho, eu vou voltar pro meu sertão...(bis) ... ai que saudades tenho, eu vou voltar pro meu sertão... (repete lento) (F)


Voz:- Gonzaga, cantaste as potencialidades da tua terra e não te deram crédito. Cantaste em versos o que era preciso para matar a sede e fome de tua gente, e não te escutaram.  Cantaste, também, com irmãos daqui, as coisas de Caruaru.
Canto:-  A feira de Caruaru, faz gosto a gente ver. De tudo que há no mundo, nela tem pra vender.../  ...Boneco de Vitalino que são conhecido inté no Sul,/ De tudo que há no mundo tem na feira de Caruaru ...De tudo que há no mundo tem na feira de Caruaru.  Na...feira...de...Caruaru... (repete lento) (G)

Voz: - Cantaste a alegria de homens tementes a Deus, que em outras plagas esperavam a hora de voltar pra seu torrão natal: o nordeste, agora vestido do verde da esperança de suas caatingas, antes queimadas pelo sol causticante, agora atapetadas pela grama nativa, recebendo as vibrações positivas do boiadeiro a cantar.

Canto:- ...Vai boiadeiro que o dia já vem, pega o  teu gado e vai pra junto de teu bem.  (C)

Canto: -  ...A seca fez eu desertar da minha terra / Mas felizmente Deus agora se alembrou / De mandar chuva / Pr'esse sertão sofredor / Sertão das muié séria / Dos homes trabaiador./ Rios correndo As cachoeira tão zoando / Terra moiada Mato verde, que riqueza / E a asa branca / Tarde canta, que beleza / Ai, ai, o povo alegre / Mais alegre a natureza... (repete lento) (F)

Canto: ...Vai boiadeiro que a noite já vem, guarda o teu gado e vai pra junto de teu bem.... (lento) (C)

Voz – E as riquezas produzidas com o calejar de mãos morenas, pretas, brancas, úmidas do suor pelo esforço, esforço de gente simples e solidária na dor da saudade e na alegria do retorno feliz. Mãos que constroem o nordeste e ajudam a construir o Brasil.


Canto - ...Mas quando chega o tempo rico da colheita/ Trabalhador vendo a riqueza, que beleza/ Pega a família e sai, pelo roçado vai/ Cantando alegre ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai....(D)

Canto: - Ô, Ô Jesus razão... Tão Sertanejo / Que entende até de precisão / Do céu a de vir solução /Na terra a semente agoniza /Preconiza solidão /E a tarde que arde acompanha /Ai, tanta sanha de maldição /Aqui vou ficar, vou rezar /Ai, vou amar a minha geração
Ô, Ô Jesus razão... Tão Sertanejo /Que entende até de precisão 
(A)


Voz:- Enfim, cantaste as belezas do teu sertão sofrido, onde, por ironia, existem as belezas de um sol sempre a brilhar e um céu sempre estrelado. Cantaste a vida, cantaste o amor, cantador.

Canto:- Olha pro céu meu amor,/ vê como ele está lindo,/ olha pra quele balão multicor,/ como no céu vai sumindo (bis)... olha pro céu meu amor... (lento) (Dm)


Voz:- Com a fogueira queimando,
em homenagem a São João,
vamos fazer reverência
a Luiz rei do baião,                                                 
que no dia de São José,
com o milho doce plantado,
colheu muito bem contado,
vinte espigas em cada pé.

Canto: A fogueira tá queimando, em homenagem a São João,/o forró já começou vamos gente rapapé neste salão... o forró já começou vamos gente rapapé neste salão. (D)

 Canto:- Ai que saudades que eu sinto, das noites de são João,/das noites tão brasileiras,  das fogueiras, sob o luar do sertão./ ...Meninos brincando de roda, velhos soltando balão,/ todos em volta a fogueira, brincando com o coração,/ eita são João dos meus sonhos, eita saudoso  sertão, ai, ai, ai... .(lento) (C)

Voz:-  Hoje Gonzaga, há apenas alguns anos de tua partida, o baião que pediste para não deixar morrer, no último show de tua vida, está se tornando peça de museu.  Sofre, a cada ano, as  mutilações provocadas pela corrosão da música alienígena e pela falta de preservação da nossa história.  Porém, o teu trabalho não foi em vão, és reconhecido.

Canto:- Quando olhei a terra ardendo, qual fogueira de são João, eu perguntei , ai, pra deus do céu, ai, porque tamanha judiação (bis).  Que braseiro que fornalha, nem um pé de plantação, por falta d água perdi meu gado , morreu de sede  meu alazão. (bis)(G)

 Voz:-  Tuas palavras cantadas ainda ecoam nos ouvidos daqueles que te preservam a memória. Que acreditam, como tu acreditaste,  que o nordeste é um pedaço de chão viável.  Lembraste, também, dos teus  irmãos da ordem e cantaste  para eles  a acácia. Estás, Gonzaga, eternamente,  no coração do teu povo. Deixaste, para teus irmãos brasileiros, frases como esta: “Amo muito a vida! Deixo um exemplo de trabalho, paz e amor.”

 Canto:- Pense N'eu (C)

Pense n'eu quando em vez coração
Pense n'eu vez em quando
Onde
 estou, como estarei
Se sorrindo ou se chorando
Se sorrindo ou se chorando
Pense n'eu... vez em quando
Pense
 n'eu... vez em quando (bis)

Tô na estrada, tô sorrindo apaixonado
Pela gente e pelo povo do meu país (olêlê)
Tô feliz pois apesar do sofrimento
Vejo um mundo de alegria bem na raiz (vamos lá)
Alegria muita fé e esperança
Na aliança pra fazer tudo melhor (e será)
Felicidade o teu nome é união
E povo unido é beleza mais maior.



João Coutinho de Amorim
(1992)



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